quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Estrada Real
          Aproximadamente 1.630 quilômetros de extensão, passando pelos Estados (províncias) de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A Estrada Real (ER) é a maior rota turística do Brasil. Hoje, ela resgata as tradições do percurso valorizando a identidade e as belezas da região. A sua história surge em meados do século 17, quando a Coroa Portuguesa decidiu oficializar os caminhos para o trânsito de ouro e diamantes de Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro. As trilhas que foram delegadas pela realeza ganharam o nome de Estrada Real.(texto do site oficial da Estrada Real http://www.institutoestradareal.com.br/estradareal )

          A Estrada Real é composta por quatro caminhos: - “O Caminho dos Diamantes”, que liga Diamantina à capital da província na época Vila Rica, hoje Ouro Preto; -“O Caminho Velho, que liga Ouro Preto à Paraty, cruzando toda a sensacional Serra da Mantiqueira; -“O Caminho Novo”, liga Ouro Preto à cidade do Rio de Janeiro, criado para evitar ataques piratas e o menor dos caminhos mas não menos importante, o lendário “O Caminho de Sabarabuçu” cercado por belas paisagens montanhosas.
Nessa postagem iremos realizar de bicicleta os caminhos dod Diamantes e Novo.
Tem certificado para o viajante ao fim de cada caminho, porem necessita do passaporte para carimbar e comprovar sua viagem. Para adquirir o passaporte,faz-se um cadastro pelo site da Estrada Real http://www.institutoestradareal.com.br/passaporte e nos pontos indicados no site, com 1kg de alimento não perecível e/ou um agasalho retira-se o passaporte.
Enfim, dadas as explicações teóricas da ER, vamos à prática!!!


Chegamos em Diamantina, após uma longa e estressante viagem de carro. Em uma vendinha no centro de Diamantina, nos avisaram de um camping e lá fomos para organizar a bagagem e as bicicletas. 
Sempre fui um cara de “engessar” minhas cicloviagens com planejamentos, tinha que seguir à risca tudo que estava no roteiro como onde e quando parar, onde comer, onde pousar, onde.... onde...onde...enfim...., até que um dia, em uma cicloviagem que fiz pela Serra da Mantiqueira, perdi todos os papeis do planejamento da cicloviagem e foi uma das melhores cicloviagens que fiz o enredo da viagem acontecia ao natural e não estava engessado mais. De lá pra cá, só tenho um mapa com o nome de algumas cidades, traço um breve roteiro e sigo sem anseios, curtindo paisagens e principalmente os personagens que encontro pelo caminho.


Diamantina - Vau - São Gonçalo do Rio das Pedras

Saímos de Diamantina e o nosso maior amigo já deu as caras, O SOoooL. Parecia que brincava com uma lupa convergindo seus raios na nossa cabeça e que calor... arremaria!! Em Vau, um pequeno vilarejo próximo à Diamantina, o Felipe (vulgo Zoreia) já apresentava sinais de cansaço...mas jáááááááá?? Perguntei ao cicloviajante. 
Era a primeira cicloviagem do Zoreia e nunca tinha pedalado com tanto peso na bicicleta, somado ao sol forte o deixou muito fadigado. Paramos em Vau, para esperarmos o sol dar uma trégua e o Zoreia melhorar, enquanto isso, conhecemos uns pias e jogamos futebol. O luz do dia praticamente findou ali em Vau e com o Zoreia melhor, seguimos para Sao Gonçalo do Rio das Pedras


credito : https://insta724.com/profile/mangatafotografias
Chegamos já era noite em São Gonçalo do Rio das Pedras. À noite sempre é mais difícil conseguir pouso, ainda mais quando estamos com o orçamento apertado e em uma cidade pequena em que o povo dorme no relógio das galinha. Apesar disso, a noite apresentava fresca, daria pra pedalarmos mais adiante até algum local que daria para armar as barracas. Fui guiando o grupo e tentando encontrar um local de pouso quando me deparei com uma casa em construção próximo à estrada, esperei tudo ficar tranquilo e caímos pra dentro, averiguando se tinha algum animal, cobra, escorpião, morcego que  poderia vir “atazanar” nossa noite. O pior que tinha....estava lotado de pernilongos o que fez o Igor às 2hs da manhã armar a barraca dentro da casa em construção, às 5 hs já estávamos acordados para seguir viagem.

São Gonçalo do Rio das Pedras – Milho Verde – Tres Barras - Serro – Alvorada de Minas

           Saímos bem cedo, o sol ainda não tinha apontado no alto da serra. A brisa da madrugada e aquela nuvem baixa pairada na estrada dava um glamour todo especial ao dia. Até que o nosso fiel amigo Sol, com aquela lupa, vem esquentar o dia...e nossa cabeça. 
Até Milho Verde o dia estava fresco, paramos em um local de apoio de ciclistas para tomarmos um cafezinho. Se soubéssemos desse lugar, tínhamos dado uma esticadinha no pedal e parado para pouso ali segue o link do site http://www.centrodeapoioaociclista.com.br/.

http://www.centrodeapoioaociclista.com.br/

Milho Verde ficando para tras

Seguimos para Tres Barras, um pequeno vilarejo, o Zoreia já dava sinais de cansaço novamente e tínhamos de seguir com ele até Serro, de onde ele voltaria para São Paulo. 
Devagar chegamos à Serro, almoçamos por lá e curtimos um pouco a cidade. Infelizmente não dava mais para o Zoreia(https://insta724.com/profile/mangatafotografias), teve de abortar o pedal, estava passando mal e não conseguiria continuar. 
Igor derrubando a serra de arroz com feijao
Despedida do Zoreia em Serro
        
         Eu e o Igor resolvemos dar um tempo na cidade para que o sol abrandasse seu calor e caindo a noite chegamos em Alvorada de Minas, arrumamos um local para acampar mas antes paramos em uma padaria e comprei um pão de milho já para garantir o café da manhã. Comecei a fazer um pratico jantar, macarrão com sardinha, estávamos exaustos e fomos dormir. 
Pela madrugada, escutei algo farejar minha barraca, sim...existe vida fora da minha barraca, o Igor roncava que parecia um borozinho (tipo de escapamento de moto), comecei a escutar um barulho de sacola que por sinal estava o pão de milho que esqueci do lado de fora da barraca, saí da barraca e logo vi um lobo-guará terminando de comer o pão. A Lua estava clareando a madrugada e consegui ver o assaltante de paes
O trombadinha de pão 
acampamento em Alvorada de Minas


Alvorada de Minas- Itapanhoacanga – Tapera - Corregos – Conceição do Mato Dentro

Logo pela manhã, sempre antes do galo cantar e o sol aparecer no cume da montanha, estávamos lá com nosso acampamento desmontado e prontos para o café, só que desta vez sem pão. Sobraram as bolachas recheadas.
Alguns kms pra frente de Alvorada já víamos o paredão que iriamos enfrentar naquele dia, a Serra da Escada ou Itapanhoacanga. Cara, é um serrão que impõe respeito.



Chegamos em Itapanhoacanga com o sol ardido, resolvemos abastecer nossas garrafas, que eram de 2 L, carregávamos 3 delas cada um. Uma subida bem técnica com inclinação forte e piso de pedras soltas, as bicicletas estavam muito pesadas a marcha mais leve não dava conta de nos levar ao topo pedalando, o risco de arrebentar a corrente é grande e tínhamos de empurra-las. Encontramos uma nascente para nos refrescarmos, ainda bem!!
Visao do alto da Serra da Escada - Tapera

      Cansados, vencemos a serra e passamos por Tapera para comermos algo e logo chegamos em Corregos numa capela bem estilosa. Pensamos em dormir ali mesmo estavamos bem cansados tinhamos ainda luz o que e dava para proseguir a muito custo fisico ate Conceicao do Mato Dentro, chegariamos caindo a noite por la. Seguimos e logo a frente um riozinho convidativo resolvemos cair dentro.



Córregos


      Em Conceição do Mato Dentro, pensei que chegaria em mais uma  cidade tranquila de Minas Gerais, víamos a depredação que a exploração da mineração estava fazendo não só na cidade mas na região. 
      Ficamos na casa de um primo do meu pai, Fui muito bem recebido pela família, aliás...é minha família. Gostaria de ter ficado mais um dia em Conceição do Mato Dentro para conhecer a gran mestre obra da natureza na região, a Cachoeira do Tabuleiro, mas despúnhamos de pouco tempo. Como posso voltar um dia para visitar meus parentes, deixei a cachoeira do Tabuleiro para uma próxima oportunidade.
Rio Santo Antonio, entre Conceição do Mato Dentro e Morro do Pilar
 Conceição do Mato Dentro – Morro do Pilar - Itambé do Mato Dentro

          Saí cansado de Conceição e estava seguindo para um dos dias mais difíceis da cicloviagem, foram cerca de 75km, onde saímos as 07hs da manha e chegamos em Itambe as 21hs esgotados. Com uma altimetria bem pesada.
Pedalamos pela manha, serra acima e serra abaixo, subindo e descendo as escarpas até pararmos para almoçar em Morro do Pilar, não tenho muito a dizer sobre o local, mas existe um museu de tropeiro bem interessante, onde tem de carimbar o passaporte da ER.
          Até Itambe do Mato Dentro, as subidas e descidas eram incrivelmente fadigantes, fora que estávamos bem cansados pois não fizemos nenhum dia de parada desde Diamantina. O escuro da noite nos pegou no alto da Serra, a agua acabou, restavam 10km até Itambe e o que nos guiava naquele breu era o GPS. 
          Chegamos em Itambé do Mato Dentro e logo no primeiro bar parei, tocava como som de fundo “Coming Back to Life” do Pink Floyd. Deitei na escada  do boteco para curtir aquele momento e ao fim da musica pedi uma cerveja gelada. Itambé do Mato Dentro é a cidade natal do meu avô e da minha avó e tem três famílias ali, os Lacerdas, os Dias e os Lages. Por incrível que pareça, o dono do bar era meu parente, além de devoto de Pink Floyd,  foi ele que nos acolheu naquela noite.  Show!!

Do alto da montanha, as luzes de Itambe


Itambe do Mato Dentro – Ipoema – Cocais – Barão de Cocais
Estavamos desgastados, as pernas doíam não saímos tão cedo assim. Porém o pedal daquele dia não seria tão difícil....só achei isso!!
Pra variar o sol...mas estávamos acostumados. Em Ipoema o tempo começou  a virar e nuvens bem enegrecidas tapavam o sol.
Uma ventania tomou conta do cenário, e no caminho chegando em Cocais o mundo caiu em chuva, estávamos pedalando no meio dela, os pingos batiam nas costas pareciam pedras . Enfim em Barão de Cocais, na casa dos parentes descansamos um dia, visitamos a todos e sempre com um queijo e café mineiro com uma boa prosa.


Minhas primas, Alessandra e namorado, Dani e seu filho Davi e minha tia Dunga nos recepcionando em Barão

Barão de Cocais – Mariana – Ouro Preto
           
Um pedal puxado.  De Barao de Cocais passando em Santa Barbara, já se vê a imponente e linda Serra do Caraça, em Catas Altas tu chega ao pé dela e no Bicame de Pedras, que é um sistemas de canal de aguas para lavagem de minério.


Deixamos Catas Altas e já víamos o barro que sujava a pista ha alguns meses tinha destruído o distrito Bento Rodrigues, pelo asfalto não há tanta vida ou paisagens legais comparado quando a estrada é de terra. Praticamente mudos, seguimos pedalando e pensando na catastrofe ocorrida. Em Mariana inicia a sensacao do misto de dever cumprido e saudade da viagem que ainda nao terminou e Ouro Preto estava logo ali uai.


             Fiquei em uma pousada em Ouro Preto, a única que paguei durante toda a viagem e mesmo assim 20pilas a diária. O dono era um viajante e me fez um preço camarada com jantar e café da manha, ou seja, fiquei de graça. Fui conversar com ele, um senhor de uns 60anos aproximadamente, e que viajou todos os continentes, inúmeros países, conheceu culturas e línguas exóticas.  Foi uma grande conversa.
             O Igor finalizaria sua participacao ali em Ouro Preto, seguindo para Sao Paulo e eu continuaria sozinho dali em diante para Rio e Janeiro pelo Caminho Novo.

Ouro Preto – Lavras Novas – Ouro Branco – Conselheiro Lafaiete
      Agora em diante estava só, tinha toda a dinâmica da viagem unicamente em minhas mãos. Lugares, tempo e itinerário, agora só dependia de mim.
      Saí de Ouro Preto rumo a Lavras Novas, passei por um rapaz que esperava uma carona, dei  bom dia e de repente o rapaz parte em desparada atrás de mim, correndo!! Estranhei aquela atitude mas logo percebi que era um corredor e na subida corredores são mais eficientes que cicloviajantes levando a casa nos alforges. Ele logo pediu para acompanhar minha viagem, ele correndo e eu de bicicleta,  fomos até a cidade dele, Lavras Novas foram quase 30km e muita subida, com prosa é logico.
     Lavras Novas é um vilarejo muito aconchegante, com muitos atrativos naturais e gastronômicos e boas pousadas, mas ali era só

Igreja em Ouro Branco
uma parada para carimbar meu passaporte e seguir viagem. Minha ideia era chegar ainda em Conselheiro Lafaiete, onde meus cunhados Romina e Mauricio, juntamente com meu sobrinho Miguel me esperariam para o jantar. Em Conselheiro Lafaite fiquei um dia descansando.

Conselheiro Lafaiete – Barbacena
Agora tava facim facim. Barbacena é a cidade natal de minha esposa e ela estava lá. Parti cedim cedim de Conselheiro Lafaiete, pedalei sem parar até Ressaquinha, onde nasce o famoso Rio Doce. Fiz uma parada de 30minutos e antes do almoço já estava em Barbacena com 75km pra conta.





Barbacena – Juiz de Fora
         Passado o Natal, resolvi sair dia 26 pela manha.... após 17km, tive problema mecânico na bicicleta e não encontrei nenhum local para fazer a manutenção pois necessitava de peças, então tive de ser resgatado pelo meu cunhado Paulo, também cicloviajante. Resolvi abortar a viagem naquele momento. Não estava legal e não me sentia descansado e confiante para prosseguir.  Fui curtir o fim de ano com a família e deixei para concluir a ER “Caminho Novo” em um outro momento e assim o fiz.
Com alegria no coração, com muita disposição, em Outubro de 2016 retornei à Barbacena com minha fiel companheira “Gary”, nome da minha bicicleta, com a vontade aflorada segui para Juiz de Fora.
Uma breve explicação sobre o tempo para pegar o certificado da ER: à partir de quando inicia o “Caminho”, seja qual escolher, você terá um ano para completar, no meu caso, iniciei o “Caminho Novo”  em dezembro de 2015, então teria até dezembro de 2016 para completar.
Hoje vejo que foi a melhor coisa que fiz.
2016 foi um ano muito complicado de muito trabalho e estudo, estava estressado e necessitava de um tempo só pra mim e meu refugio para isso é minha bicicleta. Parti sozinho.
Tinha tempo e de Barbacena fui por terra, passando por Antonio Carlos, até Santos Dumont por uma estrada de pedras feita por escravos, o trecho é sensacional.
De Santos Dumont até Juiz de Fora , tive que enfrentar o asfalto da BR040 que é muito movimentada de caminhões e liga BH ao Rio, é um pouco estressante esse trecho. Cheguei ileso em Juiz de Fora, menos meu alforge que soltou um parafuso devido a trepidação da estrada de pedras, resolvi amarrando os alforges com elásticos junto ao bagageiro. Em Juíz de Fora, fiquei na casa dos meus cunhados Fátima e João. Juiz de Fora é uma cidade grande, existem atrativo sim, porem nada que chama e atenção de um cicloviajante acostumado a cachoeira estonteantes.

Juiz de Fora – Mont Serrat – Paraíba do Sul
É o trecho mais lindo, saindo pela rota original da ER tu vai subir o bairro mais antigo de Juiz de Fora, passando pela igreja mais antiga da cidade logo chega a Matias Barbosa, dali é cruzar a BR040 e seguir para Simão Pereira num pedal maroto e beeem de boa, curtindo o visual e as pessoas.  Assim se chega na hora do almoço a Mont Serrat, distrito que tem o rio Paraibuna e a divisa de MG com RJ, local lindo demais. Não tinha restaurante no distrito, resolvi sacar minhas panelas e fogareiro para fazer um macarrão ao alho e óleo, ovo frito e um bife de carne bovina onde comprei  em  um açougue.
Segui para Paraíba do Sul-RJ, a tarde estava caindo e estava em duvidas onde ficar.  Tinha o alto da montanha para acampar, ou seguiria para Paraibuna e logo após um vilarejo chamado Queima Sangue. Parei  em um posto de gasolina para abastecer minhas garrafas e pedir informação e o rapaz do posto me ofereceu um canto para acampar e pernoitar ali....ahhh que eu não pensei duas vezes!! Ao lado tinha uma venda que pude comprar comida e cerveja e o posto tinha wifi onde pude comunicar com os familiares, já que a minha operadora de celular, a TIM, tem fronteiras e não funciona em certos lugares.
Proseamos e logo fui dormir. Por volta das 5hs da manha, levantei disposto a finalizar a ER em Petrópolis, mas.......

Paraíba do Sul – Inconfidência – Secretário – Itaipava – Petrópolis
Levantei cedo, a padaria ao lado do posto já estava aberta. Tomei um café puro e segui meu caminho, Queima Sangue realmente não teria muito a me oferecer, foi uma boa escolha ter ficado em Paraíba do Sul, cidade espetacular com um clima maravilhoso. Logo cheguei em Secretário, pedi informações de como seria a Serra dos Orgãos, muito diziam que era “maneira” outros “um terror”...somei e dividi por dois...minha comparação estava láaa tras em Itapanhoacanga, quando subi a Serra da Escada. Nada poderia ser pior que ela.
Enfrentei a Serra e logo estava em Itaipava, bem na hora do almoço. Resolvi almoçar em um restaurante em Itaipava e logico, tomar uma cerveja gelada, estava próximo o fim da ER do Caminho Novo. Era domingo, muita gente visitava o lugar e época de eleições do segundo turno. Cheguei em Petrópolis, peguei meu certificado e segui para a rodoviária para voltar para São Paulo. Não tinha mais passagem. Resolvi ficar em uma pousada próxima e a idéia... “Se eu cheguei até aqui e tenho tempo, porque não.....”
Sim, após completar a ER, segui para a capital fluminense, desci a serra de petropolis em direção ao Rio, passando em Duque de Caxias e furando o pneu logo em frente ao complexo da maré no Rio. Passar pela Avenida Brasil não foi nada fácil, acho que nunca passei em um local tão difícil assim em São Paulo. Furar o pneu foi coroar o pedal com mais uma história: Parei em um buteco, o primeiro que vi pedi ao dono do bar um espaço para que eu pudesse arrumar minha bicicleta e ele prontamente me cedeu um local e trouxe uma cerveja que pedi. Logo fizemos amizade. Ele falou que eu era maluco de pedalar pela Av. Brasil, e eu concordei, pois era carregada de carros e motoristas mal educados, concordei também,  falei sobre minha aventura entre outras e o dono do bar me disse que gostaria de experimentar esse estilo de vida um dia, mas no momento não podia por questões de saúde na familia. Ele trouxe outra cerveja, agora por sua conta e mais uma porção de frios, pegou um copo pra ele, encheu o meu e proseamos mais um pouco. Segui até a rodoviária, comprei a passagem para São Paulo e agora sim. Sentimento de dever cumprido.
Essa viagem trabalhei muito a paciência e a ceder. Escolher o personagens que vão contigo e dar opções para que não haja conflitos durante uma cicloviagem em dupla ou grupo. Isso levei comigo em 2016 em muitos aspectos, parecia que a cicloviagem me preparava para algo parecido que iria viver no meu dia a dia. Sinto muito grato à Deus pela oportunidade e pelos amigos que acompanharam um trecho dessa aventura e a você que acompanha essas aventuras de cicloviagens e autoconhecimento.

Cicloabraço à todos e até o próximo pedal.