De inicio achei loucura.... literalmente!!! Sendo, em Barbacena, um local que existam muitas casas de repouso para deficientes mentais.
Com o tempo e uma coleção de pequenas e grandes cicloviagens, percebi que loucura mesmo era ficar escondido na caótica cidade chamada São Paulo, esta sim, um lugar de maluco, com seu trânsito caótico, pessoas ansiosas e depressivas, que correm, correm para o nada, tudo para chegar à lugar nenhum, tentando preencher suas vidas com coisas fúteis e consumismo desenfreado, faltando em suas vidas a presença de Deus. Notei que se eu não fizesse esta cicloviagem, quem ficaria louco seria eu.
A Rota estava batizada, e quem colocou o nome foi o Gê, "Rota Camisa de Força", achei bem engraçada, extremamente original e criativa.
Tudo decidido, sairia dia 18/12/2012 na madrugada, três dias antes do tal "Fim do Mundo", chamei o mentor Paulo Faria, mas por força maior que ele, não conseguiu ir comigo, infelizmente. Iria sozinho mesmo, mas há 5 dias de minha saída, o Igor Freitas bateu no portão de minha casa e pediu para explicá-lo a cicloviagem. O Igor estava de férias, e como ele nunca fez uma cicloviagem deste porte, era uma ótima oportunidade para ir conhecer a melhor terra do estado das Minas Gerais, o Alto da Mantiqueira. Após a explicação do planejamento, de bate pronto, ele me responde, estou dentro e vou com você. Perdi o chão na hora, já que pedia à Deus um parceiro para este pedal, pois não queria fazê-lo só. Como o Paulo me apresentou o cicloturismo e me contaminou, fiz o mesmo com o Igor há um ano e meio, e só de pensar que consegui mostrar a essência desta filosofia de vida, isso me deixou muito feliz. O Igor é uma pessoa muito espiritual, de extrema sensibilidade, um baita parceiro, só elogios para este rapaz, que ainda mais, sinto um apreço de irmão mais novo. O que aprendi neste anos de cicloturismo, passo à ele, e espero que repasse assim, às outras pessoas que necessitam limpar suas mentes e crescerem espiritualmente.
Chegando o grande dia, 18/12/2012, 03:00hs, levantamos, tomamos café e iniciamos nossa grande empreita, como somos corinthianos, passamos pela construção do novo estádio que está sendo construído do Corinthians.
Acessamos, pela Jacu Pessego, a Rod Ayrton Senna e paramos no km 30 para tomarmos um cafezinho e esperarmos o dia ficar um pouco mais claro, para visualizarmos melhor o acostamento.
Rio Paraíba do Sul |
Com Vlademir e Guido |
No planejamento, o 1° dia iriamos ficar em Caçapava, mas devido ao movimento da Rodovia Carvalho Pinto e obras da Rod Dutra, por questões de segurança, embarcamos de onibus da Viação Pássaro Marrom( http://www.passaromarron.com.br/)em São Jose dos Campos para Cachoeira Paulista, não tivemos restrições para embarcarmos nossas bikes e fomos bem recebidos. Foi a melhor coisa que fizemos, pois de Taubaté até Aparecida não há acostamento, a Rodovia estava em manutenção e mesmo se tivessemos ido pela Estrada Antiga, que passa por Lorena, o movimento de carros e caminhões estava acima do normal, e isto me soa perigo. Como temos de ser ciclistas conscientes, preferimos preservar nossas vidas e ganharmos um dia indo para Cachoeira Paulista.
Chegamos em Cachoeira Paulista-SP, ao final da tarde, fomos recebidos na Canção Nova(www.cancaonova.com.br) pela Daniela Albuquerque e pela Samanta, fica aqui o nosso obrigado pelo carinho com a gente. Ficamos no camping da Canção Nova, à R$ 3,00 por pessoa, já digo que, existem regras no camping e DEVEM ser seguidas CORRETAMENTE, vejam as regras no site da Canção Nova exposto acima. Fizemos nossa janta na espiriteira e logo fomos dormir, já que no outro dia bem cedinho tínhamos de encarar a Serra da Mantiqueira.
Chegando na Canção Nova- reparem na Serra da Mantiqueira ao fundo |
O Rango |
Sempre digo que a Serra da Mantiqueira é mágica, e desta vez, esta afirmativa está mais forte. Não sei dizer muito bem, mas as vibrações deste lugar são muito positivas, não tinha vontade de sair dela, a Mantiqueira é Fantástica.
Ela estava fugindo da gente.... vem cá Serra da Mantiqueira |
Subimos a mantiqueira, com altimetria bem elevada, porém nossa vontade de vencê-la era bem maior que altimetria que ela nos impunha. E foi assim, curtindo a natureza, falando com Deus, alegria no coração e a positividade da montanha conseguimos nos transpor às Terras Altas e Mágicas da Mantiqueira.
Logo na divisa com o estado de SP/MG encontramos um outro camarada, o Paulo Meneguite(O+), um cicloturista carioca, que estava fazendo uma cicloviagem de Ouro Preto até Rio de Janeiro pela Estrada Real, ele estava descontente, pois queria passar pelo túnel da Revolução de 32, entre Passa Quatro-MG e Cruzeiro-SP, e devido ao mal tempo que tinha se formado, ele já estava decidido à não visitar..... porém, eu queria muito conhecer, e era um dos meu projetos particulares, conhecer um dos lugares que traduz uma grande história do meu Estado de São Paulo, percebi que o momento era este, pois ele tinha o mapa do Olinto da Estrada Real(http://www.olinto.com.br/caminho_do_ouro/cicloturismo_caminho_do_ouro.htm). E nos encorajamos, e juntos, encaramos a estradinha de terra e pedras soltas para acessar o túnel, ao qual eu tomei um rola legal, e ao qual, o Paulo Meneguite também tomou um rola.... conclusão, dois cicloturistas experientes tomaram rola e o Igor, em sua primeira cicloviagem longa, se safou e tirou sarro da nossa cara.... hahahhaa acontece!!
Com Paulo Meneguite |
Túnel da divisa de SP/MG, Revolução Constitucionalista de 32 |
Muito legal ter conhecido o Paulo Meneguite, muito gente boa... fica aqui nosso agradecimento pelo espirito de companheirismo e conjunto, cicloturistas são as pessoas mais "gente boa" da face do Mundo... hahaha!!
Começamos a descer até Passa Quatro-MG, a chuva apertou e estava bem forte, com rajadas de vento, na descida, tive de colocar na relação leve e seguir pedalando na descida, por incrível que pareça. O vento forte e a chuva, desestabilizava nossas bicicletas e o risco de cair era grande. Assim seguimos por Passa Quatro-MG, a meta era irmos até São Lourenço-MG, mas devido à esta intempérie tivemos de ficar em Itanhandu-MG.
Levantamos e seguimos cedinho, para evitarmos encontrar com caminhões na Serra , nem tomamos café-da-manhã, seguimos direto para Pouso Alto-MG, cidade bem aconchegante, encostamos em uma padaria, comemos dois pães com ovos e café preto e seguimos para encararmos a Serra de Caxambú. Chegado em Caxambú, seria nosso ponto de apoio, porém, pelo GPS, incluí no roteiro a cidade de Baependi-MG, preferi parar ali e almoçar. Foi uma grande escolha, a cidade é bem legal, apesar das subidas ingrimes, uma delícia de lugar. Depois da saída de São Paulo, era nosso 1°almoço da viagem, escolhemos o restaurante da Vó Landa, recomendadíssimo, fomos muito bem atendidos e o preço bem acessível com variedades de comidas e saladas.
Demos um tempo até baixar a sensação pós almoço. Seguimos para Cruzília.
Existem muitas subidas até chegar em Cruzília, e após a Serra de Caxambú, qualquer subidinha é dolorida, ainda mais com Sol à pino. Com muito sacrifício devido ao Sol castigante, chegamos em Cruzília-MG.
Por mim, o pedal do dia estava concluído, já tínhamos pedalado 85km, o planejamento estava certo, porém, no outro dia, tínhamos de pedalar 102km até Piedade do Rio Grande-MG, o trecho seria difícil. O Igor propôs a ideia de seguirmos até Minduri, 33km pra frente de Cruzília, fui perguntar às pessoas se teria estrutura de hotéis ou pousadas, mas o que queríamos mesmo era um rio, para armarmos nossa barraca e fazer um miojo na espiriteira e comermos frutas. Um fato curioso foi um rapaz que nos deu mais de uma dúzia de bananas para comermos para durante o caminho, isso retrata o perfil do povo mineiro, solidário e de bom coração. Assim, deixei o Igor fazer sua primeira decisão, e que foi crucial ao rendimento da viagem, seguimos para Minduri-MG e assim perfez 115km pedalados no dia.
Saímos às 4:30 da manhã de Minduri-MG, quem abriu as portas do hotel foi o assistente do seu Zezé, o seu "Margoso", sei lá porque deste nome... o cara é muito gente boa e muito simples. Seguimos sentido à Piedade do Rio Grande-MG, nem tomamos café da manhã, tocamos direto para Madre de Deus de Minas-MG, pensei que a cidade tivesse estrutura, na parte baixa, porém, para acessá-la, teríamos de encarar um baita subidão até o centro da cidade, desistimos e vi no GPS que Piedade do Rio Grande estava só a 15km dali, bem cansados e com sono, este trecho de 15km paramos por 3 vezes, sim paramos para, literalmente, dormirmos à beira da estrada.
Chegamos muito cansados e com dores, musculares e joelho, nosso físico estava no limite, conseguimos um hotel na cidade, Hotel São Judas Tadeu, do seu Justo. Fomos muito bem acolhidos, tanto a gente quanto nossas bikes, ficaram num local reservado. Como chegamos em Piedade do Rio Grande na horario do almoço, tomamos um banho, almoçamos, e voltamos, dormimos das 15:00 até ás 19:00, acordei bem descansado, fomos até o centro para ver se conseguiamos uma Lan House, já que nossos celulares não tinham sinal e eu não vi orelhão próximo(a dica é levar um chip da Vivo e um da Claro). Consegui me comunicar com familiares, com emails e redes sociais, e avisar que estava tudo bem. Voltamos para o hotel e dormimos até às 05:00, horário em que sairíamos para nosso ultimo dia de cicloviagem, tomamos café da manhã reforçado e seguimos no trecho.
Igreja Matriz em Piedade do Rio Grande |
Saímos da cidade e logo de cara, um subidão, seria um teste para ver se realmente estava bem descansado, foi a prova de fogo para ver se conseguiria chegar em Barbacena-MG este dia.
No topo da subida em Piedade do Rio Grande, o visual é compensatório, ficamos acima das nuvens, vendo o topo das montanhas e assim, vimos o quão estávamos altos, a sensação foi indescritível, sentimos Deus cada vez mais forte, a sensação de liberdade, paz no coração e mente limpa, te leva à um estado de perfeição entre Deus, o Homem e a Natureza... e as lágrimas caem sorrateiramente.
Seguimos 15km por estrada de terra, até Santana do Garambéu-MG, logo após, Ibertioga-MG, todas as cidades tem sua magia, porém Ibertioga-MG, tem um algo a mais. A simplicidade das pessoas e o modo que nos trataram, ficarão para sempre em nossas lembranças. Paramos para tomarmos um café e comermos um pão de queijo, o atendimento foi totalmente diferenciado, que delícia de lugar, e o sotaque mineiro, dá um charme a mais à simplicidade que não estamos acostumados a ter em São Paulo.
Dupla perfeita de cantadores, como canta bonito estes Canários... |
Santana do Garambéu |
Curtir a vida. Em meu modo de pensar, viver é interagir com a Natureza, no seu limite físico, psicológico e consequente fortalecimento espiritual. É saber seu limites e fazer o bem sempre, limpando sua mente do mal.
Vilarejo chamado Ponte Chique do Martelo... só Minas Gerais mesmo. |
Num intendi uai!!! |
Chegamos em Barbacena-MG, nosso ponto final é a igreja da Nossa Senhora da Assunção, de 1754. Quem se interessar, pode ler a história dela neste link http://www.bqdigital.net/index-igreja-boamorte.html
Fomos recepcionados pelo Secretário de Esportes de Barbacena-MG, Alaor Leite. E logo, um churrasco para comemoração, um banho merecido e repouso.
O Igor, devido à outros projetos em São Paulo, retornou no mesmo dia na Viação Gardênia e eu, vou ficar mais um "cadiquim" aqui pras "banda" de MG, curtindo a família e comendo queijo nesse trem bão.
Agradeço à Deus, por mais esta oportunidade, por ter nos protegido em todo momento e Tê-lo, literalmente, ao nosso lado, Sua presença foi muito forte.
Agradeço minha família, meus pais e irmãos por acompanharem e dar-nos suporte de comunicação quando possível.
Agradeço a companhia deste meu irmão na fé, Igor Freitas. Tu é um cara muito especial, um dos melhores parceiros de cicloturismo, espero que esta viajem tenha te deixado mais forte e que caminhe com mais determinação aos seus sonhos. Obrigado irmão!!
Um abraço procêis e atéum próximo pedal uai!!
Fiquem com Deus, amém!!
Emerson e Igor, parabéns pela empolgante viagem. Os locais são bonitos demais da conta!!!
ResponderExcluirShow de fotos.
Abraços
Grupo PEDALADAS
Show cara!!! Meus parabéns pela pedalada, pelo incrível relato!!!
ResponderExcluirMuito bom.. Parabéns pelo pedal...
ResponderExcluirPassaram na carvalho Pinto. na próxima me de um toque, vou lá pra acompanhar vocês até algum lugar.. moro a 3km da Carvalho Pinto.
Esse ano quero conhecer Paranapiacaba heinn...
Abraços...
Alex
Caramba Emerson e Igor, que cicloviagem maravilhosa! Lugares simples e belos bem explorados fotograficamente. Cicloviajei com vocês lendo esse relato. Parabéns!
ResponderExcluirQue Deus os continuem abençoando e permitindo que façam sempre belas cicloviagens para compartilhar conosco.
Grande cicloabraço do Antigão!